Sexta-feira, 16 de setembro, fim de tarde em São Paulo. Época de dias quentes e tardes frias. Ao meio dia, desejamos que chegue logo o verão. Às tardes frias, dizemos ‘ainda é inverno’. Nestes dias sem estação, frios e quentes do outono tropical, São Paulo se enche de flores e frutos. Nossas mesas de desenho estão repletas de rabiscos, e os fornos à todo vapor. Nesta época onde antecipa-se o final do ano, todos já pensam em comemorar, e nossa agenda se enche de pedidos de premiações, troféus e presentes para o final de ano. Dá até para imaginar que no outono das grandes capitais trabalhadoras do mundo nos sentimos realmente como na fábrica de presentes do papai noel, e no espaço zero não é diferente.
Além de diversos troféus e premiações, estes dias chegou para nós um pedido um tanto quanto pré-natalino: a escultura parto adequado, em homenagem às mães que vêm se empoderando e escolhendo como, onde e quando dar à luz aos seus bebês, e também aos médicos que tornam tudo isso possível. A escultura é um presente à classe médica, deve simbolizar a gestação, a vida nova, a transformação. Traduzimos este importante acontecimento – o nascimento – numa imagem delicada, as curvas de uma mulher grávida, momento de vitalidade para toda mulher.
As linhas foram desenhadas em papel, já pensano no processo de moldagem em vidro. Duas gotas de vidro se juntam, e neste momento de intersecção formam a figura do ventre materno. Um “Merapi” – colorido e orgânico – dentro da gota representa o feto.
Dos rabiscos de papel, o desenho técnico de apresentação, uma ilustração gráfica e a ideia foi aprovada. Agora é hora de mãos à obra.
Diversas esculturas são moldeladas, buscando atingir a forma satisfatória. Queremos atingir o ponto médio entre a abstração e o figurativo. Para quem vê a figura, a mulher e seu feto. Para quem vê as somente formas, vida em transformação. A proposta é tecnicamente difícil de executar e, finalmente, na terceira tentativa conseguimos chegar ao resultado que gostaríamos. A escultura está pronta.
Depois deste árduo trabalho, foram diversas tentativas, chegamos à conclusão, modelar esta escultura foi um parto! Todo este processo inspirou-nos a elaborar um poema especialmente sobre a experiência da gravidez, exclusividade das mulheres, e sua relação com o trabalho em vidro.